Vamos falar sobre o Parkinson

Dra. Thélia Rúbia • 26 de fevereiro de 2020

Vamos falar sobre o Parkinson

A doença de Parkinson, assim como o Alzheimer, é uma doença degenerativa, em que um grupo de células no cérebro começa a envelhecer e morrer mais rápido do que o restante das células de nosso corpo, sendo que neste caso, são as células dopaminérgicas (que tem como neurotransmissor a dopamina) da substância negra (um núcleo de células escuras do mesencéfalo no tronco encefálico, importante na execução e correção dos movimentos), que se deterioram e morrem precocemente; sendo que pode atingir também nervos periféricos, nervo olfatório e núcleo central do nervo vago.

Depois da doença de Alzheimer , a doença de Parkinson é a doença degenerativa mais comum no consultório do neurologista, estimando-se que 1% da população mundial, acima de 65 anos, tenha Parkinson, sendo mais comum nesta idade, mas pode acontecer precocemente, antes dos 40 ou 50 anos, estando mais associada a forma genética da doença.

Como tem uma prevalência alta (100 a 200 para cada 100.000 pessoas), esta doença é muito estudada, tendo muitos avanços no tratamento, o que confere muita qualidade de vida aos pacientes portadores da mesma, apesar de não termos cura ainda para esta patologia.

Sintomas do Parkinson

Os sintomas mais comuns, na doença de Parkinson, são:

  • Os motores , que se manifestam por tremores, de amplitude e frequência médias, como se tivesse “contando moedas”, acontecendo mais frequentemente quando o paciente está com braço ou a perna em repouso, interrompendo, quando se inicia o movimento;
  • A rigidez plástica , que o paciente refere como se estivesse duro ou com os movimentos “amarrados” ou “engessados”, sendo que, em estágios avançados da doença, o portador da mesma refere que fica “congelado” dentro do próprio corpo, não conseguindo se movimentar, sendo o pior sintoma para o paciente;
  • Postura em semiflexão , causada pela rigidez plástica, em que o paciente fica com os braços, cabeça e pernas, levemente, flexionados;
  • Bradicinesia é a perda dos movimentos espontâneos do corpo (por exemplo, o movimento espontâneo dos braços, enquanto a gente anda), levando a uma postura congelada e sem expressão, assim como a face, que fica com uma fisionomia “congelada”, não transmitindo emoções, além da perda do piscamento espontâneo das pálpebras, levando a irritação dos olhos, por falta de lubrificação;
  • Hipotensão postural , pela lesão central do nervo vago, podendo levar a quedas frequentes, quando o paciente fica de pé ou anda; perda do olfato, por lesão do nervo olfatório; sintomas psíquicos, como depressão, com perda do processo motivacional.

Em paciente acima de 65 anos, o tremor é o sintoma motor mais predominante, sendo que em pacientes mais jovens, a rigidez é o sintoma predominante.

Os sintomas iniciam em um lado do corpo, para, mais tardiamente, progredir para o outro lado, tendendo a serem mais graves e de mais rápida evolução nos pacientes que iniciam a doença em idades mais precoces.

Causas

A doença de Parkinson, como dito anteriormente, é causada pela morte precoce das células dopaminérgicas da substância negra, o que leva a uma falta desse neurotransmissor, afetando o controle adequado da execução dos movimentos.

Quando o paciente inicia os sintomas, estima-se que ele já perdeu mais de 70% das células dopaminérgicas.

Não temos uma causa definida , sendo que o fator genético é fraco, tendo poucos casos que são familiares, que são mais frequentes em idades mais precoces.

A doença é mais frequente em homens, do que em mulheres, em uma proporção de 2 para 1. Já foi detectado, que em uma população, que é mais exposta a pesticidas e herbicidas, a incidência do Parkinson é maior.

Tratamentos do Parkinson

O tratamento, atualmente, é sintomático, atuando nos sintomas da doença.

As medicações disponíveis visam fornecer dopamina para o cérebro ou substâncias que imitam os efeitos da dopamina. Além destas, existem substâncias que atuam mais em um dos sintomas, como os tremores.

Como a doença é progressiva, ela pode chegar em um estágio, em que as medicações disponíveis não fazem o efeito esperado, podendo inclusive, trazer sintomas complicantes; neste momento, as cirurgias são as melhores opções, tendo na estimulação profunda (um aparelho, tipo um marca-passo, estimulando continuamente os núcleos profundos do cérebro), seu melhor representante.

Além destes recursos, o fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogos desempenham uma função primordial na melhora da qualidade de vida destes pacientes, devido a perda da função motora, com prejuízo da fala, dos movimentos finos, da marcha e do equilíbrio.

É comum, a necessidade de medicações, como os antidepressivos, para tratar os sintomas psíquicos e distúrbios do sono.

Recomendações

Em muitas ocasiões, percebo, nos pacientes e seus familiares, um medo grande, diante do diagnóstico da doença de Parkinson, resultando em uma demora para buscar atendimento.

É necessário tranquilizá-los, ressaltando que, para esta doença, por ser muito estudada, existem vários recursos terapêuticos, que proporcionam uma qualidade de vida muito próxima do normal, mesmo em estágios mais avançados; caso este seja devidamente tratado por um neurologista competente.

Dra Thélia Rúbia

Especialista em Neurologia e Clínica Médica, mas, acima de tudo, uma médica, antes de ser especialista.

São mais de 20 anos atendendo a especialidade de Neurologia, vendo o paciente em sua integralidade e não segmentado em partes específicas!


Atende com um olhar mais atento a todos os distúrbios, clínicos ou não, e situações, que possam interferir em todas as dores ou queixas neurológicas, que o paciente possa apresentar.


Fez Residência Médica em Neurologia e Clínica Médica, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e é Formada em Medicina, pela UFJF-MG. Também é Especialista em Eletroencefalograma pelo Hospital São Paulo (UNIFESP).

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