Entenda o Autismo

Dra. Thélia Rúbia • 27 de fevereiro de 2020

Entenda o Autismo

Autismo, atualmente, é nomeado como Transtorno do Espectro Autista ( TEA ), devido às variadas formas de apresentação, podendo ser grave, com grande atraso no desenvolvimento motor, intelectual e da fala até leve, em que há uma dificuldade de comunicação e interação social, mas não tem atraso do desenvolvimento motor, psíquico ou da fala.

O TEA está classificado como um transtorno do desenvolvimento neurológico, assim como o TDAH ( Transtorno de Hiperatividade, Desatenção e Impulsividade ), o TDO ( Transtorno Desafiador Opositor ), Transtorno de Conduta ( uma forma mais grave do TDO ); dislexia e discalculia, podendo inclusive estar associado a estes transtornos, com grande probabilidade de desenvolver transtornos psiquiátricos, como:

  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Distúrbio de sono;
  • Transtorno obsessivo compulsivo;
  • Transtorno bipolar;
  • Esquizofrenia.

Cada vez mais, percebe-se um aumento no diagnóstico deste transtorno , que não tem cura, representando um impacto negativo muito grande para família e para o país, pois estas crianças, se não forem, devidamente, conduzidas, tendem a não conseguir a independência dos pais, pois a mesma causa prejuízo total ou parcial da capacidade de comunicação e interação com outras pessoas, podendo ter comportamentos e/ou interesses repetitivos e restritos.

Não se sabe ainda a causa exata do transtorno, tendo origem nos primeiros anos de vida da criança , devendo ser detectado precocemente para uma intervenção rápida, no sentido de suavizar os sintomas.

Quais os sintomas do autismo

Nos casos mais graves, o TEA pode ficar mais evidente, já no primeiro ano de vida, quando:

  • A criança não fixa o olhar, tendo baixo contato visual;
  • Sorrindo pouco para os pais ou outros familiares;
  • Não balbucia “papa”e “mama”;
  • Tem atraso no desenvolvimento motor;
  • Prefere mais objetos do que pessoas;
  • Não gosta de ser tocado;
  • Não imita os pais;
  • Não responde quando é chamado pelo nome;
  • Se incomoda demasiadamente com sons altos;
  • Distúrbio excessivo de sono;
  • Sendo uma criança muito quieta, sem necessidade da presença dos pais ou muito irritada e agressiva.

Os sintomas, referidos acima, ficam mais evidentes, no segundo ano de vida, quando os pais começam a ficarem preocupados, pois a criança não atende pelo nome, parece alheio às outras pessoas e ao ambiente, não interage com ninguém, é muito irritado ou agressivo, não brinca com ou como as outras crianças, não brincando de “faz de conta”; tem movimentos repetitivos e estranhos; tem brincadeiras incomuns e restritas (não diversifica), geralmente enfileirando objetos ou fazendo movimentos repetitivos com eles; não imita os gestos dos pais; não olha nos olhos dos pais, quando estes falam com ela; ou não busca a atenção dos pais; e não adquire a fala, podendo apenas repetir as palavras, que são ditas (ecolalia). Estima-se, que 30% do casos, evoluem com deficiência intelectual.

Fatores de risco

O TEA tem a associação da predisposição genética e influência ambiental, tendo o primeiro, uma maior participação no desencadeamento do quadro.

Os fatores de risco ambiental são idade avançada dos pais, na época da concepção; o não atendimento das necessidades físicas e emocionais da criança; exposição da criança, durante a gestação, a determinados medicamentos (ácido valproico, usado para epilepsia) ou outras substâncias, usados pela mãe como:

  • Tabagismo;
  • Álcool
  • Drogas ilícitas;
  • DDT;
  • Chumbo e mercúrio;
  • O nascimento prematuro e baixo peso ao nascer, sendo mais comum em meninos, em uma proporção de 4 para 1.

Prevenção para o autismo

Como dito anteriormente, na sua origem, o TEA tem 02 componentes: o genético e o fator ambiental .

Nós não conseguimos atuar no componente genético, mas podemos atuar no componente ambiental, orientando o cuidado das mães, em seu período gestacional, para não se expor às substâncias, acima relacionadas; fazendo um acompanhamento pré-natal adequado, para evitar as causas de sofrimento fetal, por anóxia (falta de oxigênio), sendo mais comum por problemas no parto ou insuficiência placentária.

Os pais têm que proporcionar um ambiente tranqüilo e de harmonia para a criança, evitando brigas e agressões; além de aumentar a qualidade do tempo com a criança, evitando fazer outras coisas, enquanto estão com ela; como por exemplo: evitar se distrair no celular. Os pais devem proporcionar brincadeiras com a criança, principalmente, ao ar livre; além de não deixar a criança, exposta a tempo prolongado à televisão, tablet ou qualquer componente eletrônico, sendo que as crianças, com menos de 02 anos, não podem serem expostas a estes componentes, em tempo nenhum, pois elas não conseguem separar a realidade virtual de sua própria realidade, substituindo, facilmente, a segunda, pela primeira.

Conclusão

É cada vez mais comum, a queixa dos pais, no que se refere a alterações comportamentais de seus filhos, no consultório. Como pais, estamos muito preocupados em fornecer as necessidades materiais de nossos filhos, como estudo, cursos extra-curriculares, presentes etc.

Estamos muito preocupados com a formação de nosso patrimônio material, profissional, entre outras coisas. Não temos tempo para nossos filhos, não temos tempo, nem disposição para brincar com eles. Terceirizamos nossa função de pais para escola, creches, babás, televisão e outros componentes eletrônicos.

Precisamos refletir e mudar, pois, para transformarmos nossos filhos em homens e mulheres equilibrados emocionalmente, evitando ou minimizando os sintomas de doenças, como o Transtorno do Espectro Autista; é necessário colocar este projeto como prioritário, em nossas vidas, pois se não priorizamos, enquanto eles são mais novos; nós teremos que priorizá-los, no futuro, com as várias possibilidades de distúrbios físicos, mentais, emocionais e de caráter, que eles possam portar.

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Dra Thélia Rúbia

Especialista em Neurologia e Clínica Médica, mas, acima de tudo, uma médica, antes de ser especialista.

São mais de 20 anos atendendo a especialidade de Neurologia, vendo o paciente em sua integralidade e não segmentado em partes específicas!


Atende com um olhar mais atento a todos os distúrbios, clínicos ou não, e situações, que possam interferir em todas as dores ou queixas neurológicas, que o paciente possa apresentar.


Fez Residência Médica em Neurologia e Clínica Médica, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e é Formada em Medicina, pela UFJF-MG. Também é Especialista em Eletroencefalograma pelo Hospital São Paulo (UNIFESP).

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