Tristeza, Angústia, Vontade de chorar - Nossas emoções
Durante o período de pandemia, tudo o que conhecíamos saiu de controle.
Tivemos nossos cérebros “bombardeados” por informações, e com isso, nossas emoções foram muito afetadas, o que levou a um aumento de números de casos de distúrbios emocionais.

De onde vêm e como funcionam nossas emoções?
As emoções são originadas no Sistema Límbico de nossos cérebros, porém, a forma como funcionam é muito complexa e difícil de ser compreendida.
As emoções estão relacionadas a neurotransmissores responsáveis por sensações de alegria e prazer, como a Serotonina, por nossa energia, como o Glutamato e também pelos inibitórios, como os Gabaérgicos, que são mais estimulados durante quadros depressivos.
Ou seja, os neurotransmissores, são substâncias químicas que levam informações para a Fenda Sináptica, onde um neurônio se comunica com outro.
O que pode causar esses distúrbios?
Podemos ter distúrbios na concentração desses receptores, na Membrana Pós-Sináptica, onde o neurônio irá se acoplar ao receptor.
Os neurotransmissores podem ser considerados como a “chave” e os receptores, como a “fechadura”; eles se unem, formando uma reação química que será transmitida pelo próximo neurônio.
Podemos então dizer que as emoções são definidas de acordo com o neurotransmissor e o seu receptor, e que elas dependem de quais campos eles irão agir: se no Hipocampo, no Hipotálamo, nas Amígdalas Cerebrais ou ainda em alguns eixos na região profunda do cérebro, assim como na parte pré-frontal, que é relacionada ao comportamento.
Além disso, há também outras estruturas, como por exemplo, o Núcleo Accumbens, relacionado a sensações de prazer, desprazer e vícios, não surpreendentemente, é ali que nasce o controle hormonal.
Assim sendo, as emoções irão alterar muito as nossas respostas hormonais, por exemplo, se uma mulher fica muito nervosa, pode ter alterações na menstruação, na fertilidade, na tireoide ou até mesmo no córtex.
Outro exemplo, o estresse, que pode causar o aumento do cortisol na adrenal, que são duas glândulas que ficam acima do rim.
Tristeza, angústia e vontade de chorar: Hormônios e os distúrbios emocionais
Os distúrbios emocionais são multi-sistêmicos, podendo apresentar sintomas em qualquer parte de nosso corpo, uma vez que alteram todo o funcionamento de nosso sistema hormonal e são os hormônios que comandam todo o funcionamento do corpo.
Alguns hormônios como o Tireoidiano, o Paratireoide, os Sexuais e o Cortisol, são comandados pela Hipófise, pelo Hipotálamo, bem como pela Glândula Pineal e todos eles estão relacionados às emoções.
Tristeza, alegria, remorso, realização, humildade, são exemplos de emoções que nascem nessa parte e que sofrem influência da córtex e de estímulos externos.
Diante desses estímulos e como reagimos a eles, classificamos as emoções como certas ou erradas e, certamente elas nos afetarão de forma boa ou ruim.
Desse modo, tudo depende da significação que nós damos ao que está acontecendo, ou seja, o que está acontecendo estimula nossos receptores, os órgãos dos sentidos e, o cérebro vai significar e é aí, que pode estar o problema ou a solução!
As emoções durante a pandemia
Algumas das emoções mais relatadas durante a pandemia foram:
- Pavor;
- Ansiedade;
- Depressão;
- Angústia;
- Fragilidade;
- Entre outras.
Isso tem atingido a todas as especialidades médicas, uma vez que pode influenciar, por exemplo, no controle da diabetes, da pressão arterial, na evolução do câncer, na síndrome do colo irritável (que ocorre no intestino), na gastrite, na qualidade do sono, na memória, atenção, etc.
Nós temos que vigiar nossas emoções
Durante a pandemia, a nossa ilusão de estar no controle nos foi tirada, consequentemente, a significação dada a essa situação foi muito negativa, o que levou a muitos sentimentos depressivos ou de desespero!
Uma vez que nós significamos uma emoção como ruim ou errada, nosso sistema límbico traduz essa significação para o nosso corpo e esse irá reagir a essa significação.
Portanto, é de suma importância que nós vigiemos nossas emoções, já que esses distúrbios são um reflexo no corpo físico de algo que nasce em nosso inconsciente.

Entendendo o choro
O choro nada mais é que uma tentativa do nosso corpo de colocar o estresse para fora.
Podemos ainda dizer que, o choro é uma tentativa do corpo de lidar com o desgaste físico provocado pelos desgastes mentais e emocionais.
Há vários tipos de choro, como por exemplo, o choro de angústia, quando parece que algo nos falta e você sente um aperto no coração. Há também o choro de alegria, o choro de raiva, e o de tantas outras emoções.
O choro é essencial para a nossa sensação de alívio, é uma forma de como nosso corpo libera nossas emoções.
Um alerta
Quando essas sensações de tristeza, angústia, choro constante e estresse se prolongam por mais de 2 – 4 meses, nós já podemos detectar um quadro depressivo, o que significa que os neurônios estão sobrecarregados e disfuncionais, podendo vir a desencadear outras doenças como, alterações na memória, concentração, intestino, estômago, dores de cabeça e no corpo.
Então, é de suma importância que você procure um tratamento médico para essa condição.
Tristeza, angústia e vontade de chorar: Fique atento às suas emoções
É importantíssimo que você vigie e fique atento ao que está acontecendo com você.
Nós não conseguimos ter o controle sobre tudo, tente evitar significar as coisas de uma maneira errada, viva o HOJE, o AGORA, uma vez que, o passado já foi e não pode ser alterado, e a preocupação com o futuro vai gerar ansiedade.
Pode não parecer, mas essa situação de perda de controle provocada pela pandemia foi algo bom!
Sim! Isso fez (e ainda está fazendo) com que nós aprendamos a ressignificar as coisas, a viver o hoje com mais responsabilidade, não postergar o que deve ser feito, uma vez que, a certeza do amanhã é ilusória.
Devemos parar de focar naquilo que não conseguimos resolver (nossos problemas ou de outrem) e focar naquilo que nós sabemos, conseguimos e podemos; em estarmos com quem nos faz bem; em estar em contato com a natureza; no que nos dá vontade de viver…
Desapegue-se do que você não consegue controlar, afinal, se você não tem o controle, você não conseguirá solucionar.
Concentre-se no HOJE e em tudo que ele tem a te oferecer e, se o HOJE te tirar o que você gostaria, acolha e aprenda com essa situação.
Dê uma ressignificação a coisas que você entendia como erradas.
Às vezes as coisas dão errado ou saem de forma como não planejamos e nós já interpretamos como negativo, porém: “Nem tudo é punição, às vezes é direção!”, talvez uma nova leitura dessa situação te faça entender que o não acontecer foi algo não tão ruim assim!
Procure tratamento médico
Se os sentimentos de angústia, tristeza, perda de motivação durarem mais de 2-4 meses, busque ajuda médica para que seu corpo não adoeça.
Você pode recorrer a um
neurologista ou um psiquiatra, mas, não deixe de fazê-lo!
Dra Thélia Rúbia
Especialista em Neurologia e Clínica Médica, mas, acima de tudo, uma médica, antes de ser especialista.
São mais de 20 anos atendendo a especialidade de Neurologia, vendo o paciente em sua integralidade e não segmentado em partes específicas!
Atende com um olhar mais atento a todos os distúrbios, clínicos ou não, e situações, que possam interferir em todas as dores ou queixas neurológicas, que o paciente possa apresentar.
Fez Residência Médica em Neurologia e Clínica Médica, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e é Formada em Medicina, pela UFJF-MG. Também é Especialista em Eletroencefalograma pelo Hospital São Paulo (UNIFESP).