Quando procurar um neurologista?

Dra. Thélia Rúbia • 16 de outubro de 2020

Quando procurar um neurologista?

Quando um paciente sente determinado sintoma, pode ficar na dúvida se ele realmente é um sinal de alerta e qual médico procurar. Então, neste artigo vou falar um pouco mais sobre quando será necessário procurar um neurologista. 

O neurologista é o médico que trata todas as patologias ou condições que afetam o funcionamento adequado do encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico); da medula espinhal e dos nervos periféricos (motores, sensitivos e autonômicos).

Dessa maneira, alguns sintomas específicos mostrarão a necessidade de se consultar com este profissional.

A maioria dos pacientes confundem a atuação de algumas especialidades e, então, não sabem ao certo quando procurar um neurologista. Assim, neste artigo vamos citar os principais sintomas da disfunção de cada estrutura anatômica que indicarão quando procurar este profissional.

Cérebro

Os principais sintomas serão, por exemplo:

  • Fraqueza ou dormência em um lado do corpo;
  • Perda da visão em um lado do campo visual;
  • Dificuldade de concentração ou dificuldade de aprendizado;
  • Perda de memória ou esquecimentos;
  • Distúrbio de sono;
  • Dor de cabeça, com ou sem febre;
  • Tremores, rigidez, hipertonia ou “pernas duras”;
  • Desmaios, tonturas, crises convulsivas ou “desligamentos”; 
  • Atraso no desenvolvimento;
  • Dificuldade ou impossibilidade de falar;
  • Não reconhecer o rosto de pessoas conhecidas;
  • Atraso na fala;
  • Perda da expressão facial;
  • Incontinência fecal ou urinária.

Cerebelo

Como sintomas do desequilíbrio no cerebelo temos, por exemplo:

  • Falta de coordenação;
  • Tremor;
  • Dificuldade para andar ou ficar de pé;
  • Tontura.

Tronco encefálico e pares cranianos

Quando o paciente tem os seguintes sintomas poderá ter problema nessas regiões:

  • Ver duas imagens (Diplopia) ou ver imagem borrada, que melhora quando fecha um olho;
  • Desvio de rima labial ou “entortar a boca”;
  • Dificuldade para engolir, principalmente líquidos;
  • Engasgos frequentes quando toma água ou até com a saliva;
  • Queda palpebral;
  • Anisocoria ou pupilas com tamanhos diferentes;
  • Tremores grosseiros e incapacitantes;
  • Paralisia dos músculos da face;
  • Zumbidos e perda de audição de um lado;
  • Estrabismo ou dificuldade para movimentar um ou ambos os olhos;
  • Dormência em um lado da face;
  • Perda ou diminuição do olfato ou da visão;
  • Perda da capacidade de sentir gosto (paladar) e fraqueza para movimentar a língua;
  • Fraqueza ou dormência em um lado do corpo;
  • Vertigem e tontura ou “ver as coisas rodando”.

Medula espinhal

Como sintomas de problemas na medula espinhal temos, por exemplo:

  • Fraqueza ou dormência em um lado ou dos dois lados do corpo;
  • Desequilíbrio, principalmente quando fecha os olhos;
  • Dor lombar, que irradia para perna;
  • Dor em choque, que desce pela coluna até a perna;
  • Fraqueza nas pernas (membros inferiores) ou nos braços (membros superiores);
  • Fraqueza nas pernas e nos braços (tetraparesia);
  • Incontinência urinária (não segurar a urina) ou retenção urinária (não conseguir urinar);
  • Hipertonia das pernas (pernas duras) ou perna pulando quando pisa no chão.

Medula espinhal e nervos periféricos (motores, sensitivos e autonômicos)

Como principais sintomas de disfunções nestas regiões, temos:

  • Fraqueza nas pernas e/ou nos braços;
  • Dormência e formigamentos nas pernas e/ou nos braços;
  • Tontura ou desmaios;
  • Tremor ou abalos no músculo;
  • Atrofia ou diminuição da massa muscular em um ou mais membros;
  • Queda frequente da pressão;
  • Incontinência ou retenção urinária e/ou fecal.

Quando procurar um neurologista e como será a consulta?

Na consulta do neurologista, entender a história do paciente será fundamental para o devido diagnóstico. Isso porque, muitas doenças, como por exemplo, a epilepsia, Parkinson, demência senis etc; o diagnóstico está, principalmente, na história.

Assim, serão essenciais informações, como por exemplo:

  • Tempo de início;
  • Quais sintomas começaram primeiro;
  • Velocidade de evolução ou de piora;
  • Se os sintomas começaram subitamente ou de forma mais lenta;
  • História familiar da doença;
  • Doenças pregressas;

Além disso, para os casos de crises epilépticas ou pseudo-epilépticas, filmar as crises e levar o vídeo para o médico será muito útil no diagnóstico e, se possível, será válido levar uma testemunha para contar como são as crises.

O exame neurológico vai ser realizado com foco na área comprometida, por exemplo, quando a queixa é esquecimento, pode ser realizado um teste cognitivo.

Já se a queixa é fraqueza, vai ser necessário testar a força muscular, sensibilidade e reflexos. Todavia, caso a queixa seja tontura, será necessário realizar provas de equilíbrio.

Dessa maneira, no final da história ou entrevista, um neurologista competente já deve ter uma ou mais hipóteses diagnósticas formuladas.

Então, utilizando-se do exame físico e dos exames complementares, caso sejam necessários, ele irá confirmar ou não, a sua hipótese diagnóstica.

Quais exames complementares os neurologistas solicitam?

Os exames complementares que podem ser solicitados dependem muito do diagnóstico localizatório (ou seja, qual parte do sistema nervoso o distúrbio se encontra) já realizado na consulta e exame físico.

Assim, se o distúrbio é no encéfalo (cerebro, cerebelo, tronco encefálico) , pode-se pedir:

  • Tomografia computadorizada (TC) de crânio;
  • Ressonância magnética (RNM) ou AngioRNM de encéfalo;
  • Doppler transcraniano;
  • Eletroencefalograma;
  • Potencial evocado auditivo ou visual.

Além disso, mais raramente poderemos solicitar o  PECT ou SPECT cerebral; punção lombar para pesquisa de líquor e vários tipos de exames de sangue.

Caso o problema seja na medula espinhal e/ou nervos periféricos pode ser necessário solicitar, por exemplo:

  • Ressonância Magnética coluna cervical, torácica ou lombo-sacra, a depender do nível acometido da medula;
  • Tomografia Computadorizada de coluna, caso a patologia suspeita seja de acometimento ósseo;
  • Coleta de líquor, através de punção lombar;
  • Eletroneuromiografia (ENMG), que estuda as patologias que acometem os nervos motores, sensitivos e músculos.

Assim, podemos dizer que a eletroneuromiografia é muito importante para o diagnóstico diferencial, entre vários tipos de patologias, que acometem estas estruturas.

Além disso, vale salientar que em alguns sintomas, como dor de cabeça crônica, pode não ser necessário a realização de exames complementares. Isso porque, em  99,9% dos casos o paciente não possui nenhuma alteração dentro da cabeça que causa a dor.

Então, outras patologias muito típicas e de fáceis diagnósticos, como vertigem paroxística ou paralisia facial periférica, também não exigirão exames complementares.

Dessa maneira, neste artigo deixamos claro quando procurar um neurologista e a importância de atuar o quanto antes de modo a agilizar o diagnóstico para iniciar um tratamento eficaz.  

Dra Thélia Rúbia

Especialista em Neurologia e Clínica Médica, mas, acima de tudo, uma médica, antes de ser especialista.

São mais de 20 anos atendendo a especialidade de Neurologia, vendo o paciente em sua integralidade e não segmentado em partes específicas!


Atende com um olhar mais atento a todos os distúrbios, clínicos ou não, e situações, que possam interferir em todas as dores ou queixas neurológicas, que o paciente possa apresentar.


Fez Residência Médica em Neurologia e Clínica Médica, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e é Formada em Medicina, pela UFJF-MG. Também é Especialista em Eletroencefalograma pelo Hospital São Paulo (UNIFESP).

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