Quais tipos de tonturas existem?

Dra. Thélia Rúbia • 22 de novembro de 2020

Quais tipos de tonturas existem? 

Apesar dos pacientes usarem esta palavra para designar os mais diversos tipos de mal estar; na medicina, tontura tem um significado abrangente e pouco específico, sendo pouco utilizado pelos médicos para designar os sintomas. Quando os paciente chegam queixando tontura, na maior parte das vezes, ela tem que ser distinguida entre: 

    • Vertigem , que é uma tontura rotatória, onde o paciente sente que o ambiente roda ou ele roda, com sensação de estar caindo, podendo ser bastante intenso, associado a náuseas e vômitos
    •   Pré-síncope, que é uma sensação de escurecimento visual ou desfalecimento, podendo ser seguido por uma síncope (desmaio).
    • Desequilíbrio , em que o paciente refere que está com dificuldade de andar, como se estivesse bêbado, denominado pelos neurologista, como ataxia.
  • Desligamentos ou apagões, em que o paciente estreita o nível de consciência, não desmaiando, mas deixa de perceber o meio e as pessoas, em volta dele, tendo como principal hipótese diagnóstica, as crises parciais complexas ou crises de ausência de determinadas formas de epilepsia.
  • Esquecimentos ou brancos , em que o paciente, de repente, não sabe onde está ou como se faz coisas, que ele já sabe, demorando alguns minutos para melhorar.

Existem outros tipos de sintomas inespecíficos, mas os mais comuns são os relatados acima!

O que causa as tonturas? 

A causa das tonturas depende muito do tipo de tontura relatado.

  • A vertigem é um sintoma comum das patologias ou disfunções do Labirinto, que é uma uma estrutura do ouvido interno, que tem a função de informar o cérebro, qual a posição da cabeça, sendo que o cérebro usa estas informações para ajudar no equilíbrio, principalmente, durante o movimento. A labirintopatia mais comum é a VPPB (Vertigem Paroxística Posicional Benigna), desencadeada pelo stress físico, mental ou emocional, podendo ser muito intensa, quando o paciente movimenta a cabeça para um lado específico e ser acompanhado por náuseas e vômitos, sendo comum em todas as faixas de idade, principalmente, nos idosos. Um tumor ou AVC que atinja o nervo vestibular, em seu trajeto, do labirinto ao cérebro, também pode causar vertigem, mas os sintomas são bem menos intensos. Esta condição é mais rara. Outra patologia que causa vertigem é a Síndrome de Ménière , resultante de um aumento da pressão dentro dos canais semicirculares, por conta de um desequilíbrio entre a produção e absorção da endolinfa, podendo associar outros sintomas como perda da audição, zumbido e pressão no ouvido.
  • Pré-síncope ou pré-desmaio, é causada por qualquer condição que leve a um baixo fluxo sanguíneo cerebral, sendo que 05 segundos sem sangue, já é o suficiente para desmaiar. As causas mais comuns são por queda da pressão arterial, causadas por Lipotímia, devido a associação de vários fatores de stress, como hipoglicemia, privação de sono e desgaste mental; Hipoglicemia , que tem várias causas, como a característica hipermetabólica de alguns indivíduos, comum nas crianças; jejum prolongado e atividade física extenuante; além de uso de insulina ou hipoglicemiantes orais, sem uma alimentação adequada; Arritmias cardíacas, que podem levar a uma queda da pressão, com baixo fluxo cerebral; Insuficiência cardíaca, pelo mesmo mecanismo, apesar de ter vários outros sintomas associados; e quadros mais raros como estenose de grandes troncos arteriais , que irrigam o cérebro, como as subclávias.
  • Desequilíbrio , que tem como principais representantes as ataxias cerebelares , por conta de tumores, AVCs, doenças degenerativas ou infecciosas do cerebelo, ou uma simples intoxicação alcoólica aguda; e, menos comum, as ataxias sensitivas, em que o paciente não consegue andar direito, pois necessita de um contato visual constante para possibilitar a marcha, tendo perdido a propriocepção consciente, sendo comum nas deficiências da vitamina B12 ou sífiles neurológica.
  • Desligamentos ou apagões, presentes em algumas formas de epilepsia, como descrito anteriormente.
  • Esquecimentos ou brancos, presentes principalmente na doença de Alzheimer .
  • Os Transtornos de Humor , como a Ansiedade e Depressão , causam também tonturas inespecíficas, que não podem se encaixar, nos itens descritos anteriormente.

Quando é preciso ir ao médico? 

Como pudemos ver anteriormente, as causas de tonturas são as mais variadas possíveis, podendo ter causas benignas ou mais graves, sendo necessário a avaliação de um médico competente, se este sintomas se tornarem frequentes.

Como diagnosticar o motivo exato das tonturas? 

O diagnóstico das tonturas é feito, principalmente, pela história, colhida por um médico competente, que fará as perguntas adequadas, para encaixar o sintoma do paciente, em um dos tópicos, descritos acima, sendo que, a partir deste diagnóstico sindrômico, podemos pedir os exames complementares adequados para o diagnóstico etiológico ou causal da tontura.

O que fazer durante uma crise de tontura?  

Durante uma crise de tontura, tente sentar ou deitar, confortavelmente, com os olhos fechados e espere passar. Se o sintoma persistir, consulte com um médico neurologista, que trata a maioria das causas de tontura. Se tiver doença cardiológica prévia e for do tipo pré-síncope, procure, primeiro, um cardiologista. 

Como tratar cada uma das tonturas?

O tratamento da tontura, vai depender da causa ou etiologia da tontura, tendo que tratar a doença, responsável pelo sintoma.

Caso tenha outras informações que julgar pertinente, por gentileza, informar. 

A boa notícia, é que, como tudo em medicina, as causas de tontura, são em sua maioria, causas simples, de fácil solução, não devendo o paciente ficar ansioso, quando for acometido com este sintoma.

Dra Thélia Rúbia

Especialista em Neurologia e Clínica Médica, mas, acima de tudo, uma médica, antes de ser especialista.

São mais de 20 anos atendendo a especialidade de Neurologia, vendo o paciente em sua integralidade e não segmentado em partes específicas!


Atende com um olhar mais atento a todos os distúrbios, clínicos ou não, e situações, que possam interferir em todas as dores ou queixas neurológicas, que o paciente possa apresentar.


Fez Residência Médica em Neurologia e Clínica Médica, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e é Formada em Medicina, pela UFJF-MG. Também é Especialista em Eletroencefalograma pelo Hospital São Paulo (UNIFESP).

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