Esclerose múltipla: causas, sintomas e tratamento

Dra. Thélia Rúbia • 15 de fevereiro de 2021

A Esclerose múltipla (EM) é uma doença auto-imune em que o paciente produz anticorpos que destroem a bainha de mielina dos neurônios no sistema nervoso central (cérebro, cerebelo e medula espinhal).

Dessa maneira, ocorre um comprometimento da transmissão efetiva das informações motoras, sensitivas, de nervo craniano ou do sistema nervoso autônomo. 

Isso resulta em déficits localizatórios motores, sensitivos, de nervos cranianos, ou de controle de esfíncteres (Incontinência urinária), a depender da região comprometida. 

Quando a lesão desmielinizante sintomática ocorre em 02 áreas diferentes do sistema nervoso central (SNC) em tempos diferentes, podemos suspeitar da hipótese diagnóstica de EM. 

A doença é mais frequente em mulheres na faixa etária de 20 a 40 anos. 

Quais são as causas da esclerose múltipla?

A EM não tem uma causa específica, mas já se acumulam evidências de uma correlação com pacientes que possuem déficits de vitamina D na infância ou níveis muito baixos dela.

Isso porque, esta vitamina tem uma função importante na modulação e integridade do sistema imunológico. 

Além disso, a exposição a alguns vírus, como o Epstein-Barr (EBV), está associada a uma maior incidência da doença. 

Existem muitas pesquisas, quanto à predisposição genética, mas não temos nada conclusivo. 

Quais os sintomas da esclerose múltipla?

Os sintomas de EM dependem da região comprometida pela atividade inflamatória desmielinizante. 

Assim, pode se manifestar por episódios de perda da acuidade visual em um olho associada à dor ao movimentá-lo; fadiga; incontinência urinária ou disfunção intestinal; diminuição de sensibilidade (formigamentos ou dormências) em um hemicorpo; dificuldade de equilíbrio ou coordenação; aumento da espasticidade nos movimentos com reflexos profundo vivos ou exaltados. 

Além disso, o paciente tende a melhorar ou piorar com os mesmos sintomas ou sintomas diferentes a depender da região comprometida no encéfalo. 

A EM pode evoluir de forma redicivante com episódios de piora e melhora ou de forma progressiva, com déficits evoluindo de forma progressiva e insidiosa.

Caso não haja tratamento adequado, o paciente pode piorar cada vez mais estes déficits e evoluir para uma limitação definitiva dos movimentos, equilíbrio e disposição. 

Além disso, pode sentir dores crônicas no corpo e espasticidade de difícil tratamento.

Quais exames fazemos para diagnosticar a doença? 

No exame físico, podemos avaliar a espasticidade e hiperreflexia que o paciente pode não ter notado.

No geral, os exames complementares mais usados são:  

Ressonância nuclear magnética de encéfalo ou da medula cervical, que pode mostrar placas de desmielinização em regiões diferentes do encéfalo servindo tanto para o diagnóstico, quanto para avaliar a resposta ao tratamento.

Coleta de Líquor por punção, mostra glicose, proteína e celularidade normais; bandas oligoclonais e imunoglobulina G (IgG) do LCR elevada e taxas de síntese de IgG estão presentes em 80% dos casos de EM, com aumento da porcentagem da fração gama, na eletroforese de proteínas. É um exame importante no diagnóstico da doença.

Exames de sangue, com hemograma completo, perfil tóxico-metabólico, função tireoidiana, dosagem de vitamina B12,   são importantes para descartarmos outros diagnósticos diferenciais.

A esclerose múltipla tem cura?

A esclerose múltipla é uma doença inflamatória autoimune que não tem cura, devendo o paciente ser acompanhado regularmente por um profissional médico neurologista e por profissionais habilitados para reabilitação, como por exemplo,  fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais.

Isso dependerá do nível de comprometimento das funções motoras, de sensibilidade, equilíbrio, continência urinária, fecal e de nervos cranianos que o paciente possua. 

Como é o tratamento para esta doença?

A forma de tratamento dos pacientes portadores de EM depende muito do tipo de evolução da doença. 

  • Nas recidivas agudas , com déficits agudos, descartamos uma causa infecciosa para o surto e tratamentos, se estiver presente. 

Assim, descartando uma infecção, entramos com doses altas de corticóides (metilprednisolona) venoso, com desmame com corticoide oral, posteriormente. 

  • Nas formas remitentes, redicivantes da EM ou na EM progressiva, utilizamos imunomoduladores para prevenirmos as recidivas de surtos agudos evitando, assim, a evolução da doença para déficits irreparáveis e grande limitação da vida do paciente.  

Existem várias medicações que podem ser utilizadas de forma subcutânea, como betainterferona 1a, betainterferona 1b, glatirâmer, fumarato de dimetila e teriflunomida; e o natalizumabe, nas formas mais refratárias.

Para os possíveis sintomas associados, como fadiga, dores crônicas, depressão, tremores e espasticidades, usamos medicações sintomáticas, como por exemplo, anticonvulsivantes, antidepressivos, anti-espasmódicos e terapias de reabilitação.

Dessa maneira, é essencial ter em mente que a Esclerose Múltipla demandará cuidados especiais e profissionais altamente capacitados. 

Assim, ao notar qualquer sinal que citamos neste artigo, procure um neurologista de confiança!

Também gravei um vídeo exclusivo sobre o assunto!

Dra Thélia Rúbia

Especialista em Neurologia e Clínica Médica, mas, acima de tudo, uma médica, antes de ser especialista.

São mais de 20 anos atendendo a especialidade de Neurologia, vendo o paciente em sua integralidade e não segmentado em partes específicas!


Atende com um olhar mais atento a todos os distúrbios, clínicos ou não, e situações, que possam interferir em todas as dores ou queixas neurológicas, que o paciente possa apresentar.


Fez Residência Médica em Neurologia e Clínica Médica, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e é Formada em Medicina, pela UFJF-MG. Também é Especialista em Eletroencefalograma pelo Hospital São Paulo (UNIFESP).

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